Por Chico de Assis
Não são raras as notícias de acidentes envolvendo pipas empinadas em linhas com cerol. Considerada como crime, a utilização desta mistura de cola e vidro moído é alvo de atenção da Guarda Municipal de Araraquara que tem realizado ações de orientação, além da fiscalização e apreensão do material encontrado.
No período de férias as orientações e fiscalizações são intensificadas pelos agentes da Guarda. As operações acontecem em bairros alternados da cidade e quando é flagrado o uso do cerol todo o material é recolhido e os envolvidos são qualificados e passam a figurar em um banco de dados para as providências legais, que podem ainda incluir aplicação de multas.
Estas atitudes compõem uma lei complementar de 2005 de autoria da Vereadora Juliana Damus, que acrescenta ao Código de Posturas a proibição da comercialização e uso do cerol na cidade.
Com o retorno das aulas prorrogado para o dia 17 de agosto, somando ainda a recomendação de atividades ao ar livre por conta da gripe suína e o maior número de dias com tempo bom, o período de férias do meio deste ano tem exigido da Guarda Municipal uma atenção especial no assunto.
Números colhidos com o Coordenador Executivo da Guarda Municipal, Eliseu Andreghetti, apontam que neste ano de 2009, apenas 1 acidente foi registrado em Araraquara. O caso ocorreu em janeiro no Jardim Cruzeiro do Sul onde um jovem de 15 anos precisou levar 22 pontos depois de sofrer um profundo corte no pescoço provocado por uma linha carregada com cerol, enquanto passeava de bicicleta com um amigo.
As ações da Guarda Municipal realizadas até agora resultaram na apreensão de 536 pipas com cerol, na rabiola ou na linha que a empinava; além de outras 544 latas enroladas com linhas em cerol; e mais 37 latas com o preparado pronto para passar na linha.
O Secretário Municipal de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública e Comandante da Guarda Civil Municipal de Araraquara, coronel José Antonio Spera, afirma que a recomendação aos agentes da Guarda Municipal é para focar na orientação, mas recolher o material encontrado. “Todo esforço vale a pena nesta questão. Acredito que cada linha com cerol recolhida é um acidente que se evita”, sentencia o coronel Spera.
“Soltar e empinar pipas é uma brincadeira divertida e emocionante que socializa as crianças ao seu grupo e ainda pode desenvolver a percepção de diversos fatores positivos na pessoa. Mas usar o cerol é uma coisa perigosa. Não é exagero dizer, que uma vida é salva quando uma linha com cerol é recolhida”, conclui a vereadora Juliana Damus (PP), autora da Lei.
Realizada desde 2003, a campanha “Pipas com Segurança”, acontecerá novamente nas escolas da cidade neste segundo semestre. Com o objetivo de conscientizar as crianças e adolescentes do perigo do uso do Cerol, a campanha este ano mostrará um vídeo produzido pelo curso de Publicidade e propaganda da Uniara e terá palestras demonstrando o perigo do cerol, que faz com a linha que empina a pipa se transforme em navalha que causa acidentes fatais. Na cidade há registro de outro tipo de acidente, o curto-circuito, provocado pelo cerol feito com pó de ferro.
A Polícia Militar, outra parceira na campanha “Pipas com Segurança”, está fazendo um trabalho de prospecção pelas escolas da cidade e tentará identificar o número de alunos a ser atingido pela campanha e os bairros com maior incidência de uso de cerol. Depois disso, e já com os resultados em mãos, Juliana definirá o calendário das palestras e eventos que marcarão a campanha ”Pipas com Segurança” deste ano.